terça-feira, 12 de junho de 2012

Discussão da literatura corrente relacionada a Fisioterapia Pélvica

Sexual Function and Quality of Life of Women with Stress Urinary Incontinence: A Randomized Controlled Trial Comparing the Paula Method to Pelvic Floor Muscle Training Exercises. Liebergall-Wischnitzer M, Paltiel O, Celnikier D, Lavy Y, Manor O, Wruble A. J Sex Med. 2012, 9(6):1491-1721.

Pelvic Physiotherapy Distance Journal Club June 6, 2012
Michelle Spicka, DPT
Material traduzido por Claudia  Hacad
Objetivo:  Comparar a eficácia do método Paula vs. TMAP ( treinamento dos músculos do assoalho pélvico) na função sexual (FS) e  na qualidade de vida (QoL) das mulheres com IUE ( incontinência urinária de esforço).
O método Paula é um protocolo de exercício muscular circular que trabalha com a premissa que todos os esfíncteres do corpo têm uma sincronia de movimentos e estão diretamente interligados.A teoria do método  prega que  pode-se  reabilitar músculos danificados através de contração e relaxamento de músculos “circulares” específicos  em outras áreas do corpo. Esse mecanismo ainda é desconhecido e são propostas hipóteses de que um esfíncter pode afetar outros devido a oscilações na medula espinhal. O método Paula tem sido utilizado  por décadas em Israel e alguns ensaios clínicos tem mostrado sua eficácia.

Público-alvo:  Mulheres  (idade=20-65 anos) com sintomas de IUE. Critérios de exclusão : gestantes, mulheres em aleitamento materno, 6 meses após  cirurgia pélvica, POP ≥ 3, radioterapia pélvica  ou qualquer problema físico ou mental que possa limitar a realização de  atividade física.
Desenho do Estudo/Método: as participantes foram randomizadas em um dos dois grupos do estudo ( Método Paula ou TMAP) e estratificadas pela idade e  pelo endereço residencial. As enfermeiras que aplicaram o pad test e o coordenador da pesquisa não tiveram acesso ao grupo que realizou as intervenções e ao status inicial (basal).
Os questionários IIQ (qualidade de vida relacionada a incontinência) e UIS (sexualidade relacionada a incontinência) foram administrados antes da intervenção e após 12a semana do período de intervenção.
Intervenção Paula (66 mulheres):  Três instrutoras com certificação do Método Paula trabalharam com as participantes que incluía uma sessão individual de 45 minutos/ semana por 12 semanas. Os exercícios incluíam :  contração e relaxamento das pálpebras; contração e relaxamento do mm. elevador do ânus individualmente ou associado a um som prolongado “sh”.

Intervenção TMAP(60 mulheres):  Dez  fisioterapeutas  trabalharam com grupos de TMAP que incluíam 1-10 pessoas  por 30 minutos/semana  por 4 semanas, e duas sessões  adicionais 3 semanas após o final do tratamento. O TMAP incluiu :  identificação do elevador do ânus elevando a vagina da cadeira que a participante está sentada; contração e relaxamento do mm. elevador do ânus com contrações rápidas , prolongadas ou  graduais.
Comparação entre os grupos de tratamento:
Grupo Paula : 12 sessões, 45 min sessões individuais
Grupo TMAP: 6 sessões, 30 min  sessões em grupo
Resultados:  Os dois grupos melhoraram após as intervenções com aumento significante nas médias do escore dos questionários de QoL e de sexualidade.

Conclusão:   Esse ensaio clínico randomizado demonstrou eficácia dos 2 métodos de exercícios em relação a sexualidade e qualidade de vida em mulheres com IUE, somando informações importantes ao conhecimento ainda limitado dos exercícios  como forma de  tratamento eficaz. Esse estudo suporta  as intervenções através de exercícios como primeira- linha de técnica de tratamento conservador aplicada a IU e disfunção sexual em mulheres.

Pesquisas adicionais:
1.   Liebergall, et al (J Womens Health. 2009 Mar;18(3):377-85.) encontraram que ambos os  métodos ( Paula e TMAP) foram eficazes em mulheres com IUE; os resultados sugerem superioridade do Paula em termos de taxa de cura (15.2% mais “cura”). Deve ser observado que a taxa de desistência foi de 26,6%.
2.
   Liebergall, et al (Int Urogynecol J Pelvic Floor Dysfunct. 2005 Sep-Oct;16(5):345-51) desenvolveu um estudo-piloto com 59 mulheres randomizadas com TMAP e método Paula, e foi encontrado uma eficácia do método de tratamento da IUE para a população estudada.  Deve ser observado que ambos os grupos mostraram mudanças significantes na perda urinária comparadas com momento basal.
3.
   Resend, et al (Int Urogynecol J 23 Nov 2010) encontraram que o método Paula parece não aumentar a atividade da MAP em mulheres nulíparas ( sem disfunção do assoalho pélvico). EMG em normais
4.   Bo, et al (Int Urogynecol J 23 Nov 2010) encontraram que o método Paula não facilita as contrações da MAP. US 4D de  mulheres grávidas e pós- parto.

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Does evidence support physiotherapy management of adult female chronic pelvic pain? A systematic review. Loving S, Nordling J, Jaszczak P, Thomsen T. Scandinavian Journal of Pain 3 (2012) 70-81.

Pelvic Physiotherapy Distance Journal Club June 6, 2012

Michelle Spicka, DPT
Material traduzido por Claudia Hacad
Objetivo:  examinar a evidência do efeito da fisioterapia como intervenção isolada ou como  componente significante na intervenção multidisciplinar na dor.

Desenho do estudo/método:
A estratégia  de pesquisa  identificou 3469 artigos em potencial mas somente 11 artigos (representando 10 estudos) apresentavam os critérios de inclusão. 
Critérios de inclusão:
1.   mulheres acima de 19 anos com DPC ( Dor Pélvica Crônica) 
2.   Diagnósticos de inclusão : aderências pélvicas, síndrome pélvica congestiva,  síndrome da bexiga dolorosa, syndrome da uretra dolorosa, e cisitite intersticial . Critérios de exclusão: tumores malignos, dismenorréia primária, endometriose, gestação, infecções, síndrome da dor vulvar/vulvodynia. 
3.   Medidas de respostas validadas
4.   Intervenções experimentais do fisioterapia isolada ou em combinação com outras terapias médicas ou psicológicas.
5.   Estudo quantitativo prospectivo.(estudos retrospectives ou estudos com histórico de  controle foram excluídos)
No total, foram 6 ensaios clínicos randomizados, 1 estudo coorte e 3 estudos de caso. Os tamanhos das amostras variam de 21 a 370 participantes. Intervenções fisioterap, frequência de tratamento e duração mostrou grande variabilidade entre os 11 estudos. As medidas de respostas também apresentaram grande variabilidade.

Resultados:  
1. Nenhum dado pôde ser  agrupado para análise, devido as enormes diferenças entre os estudos.
2.   Houve uma inabilidade em realizar metanálise dos resultados, mostrando uma limitação dessa revisão.
3. A maioria  dos estudos  incluídos nessa revisão  investigaram os efeitos da fisioterapia combinada com tratamentos médicos e psicológicos, portanto o valor do tratamento de fisioterapia  isolado não pôde ser determinado.
Conclusões:
1.   Baseado nos achados dessa revisão, guias clínicos de DPC, textos e revisões devem ser interpretadas com cautela.
2.   Recomendações de tratamentos  fisioterapêuticos não são baseados em evidência.
3.   Somente estudos pequenos, únicos  sobre as diversas intervenções com muitas limitações em relação ao nível de evidência para que a prática clínica possa estar embasada.
4.   Pesquisa primária deve ser elaborada e conduzida para testar o efeito  das intervenções fisioterap na DPC desde que a pesquisa disponível é significantemente falha em diversos  níveis.
Dois tratamentos tem alguma eficácia – terapia Mensendieck  (combinação de Ft com terapia comportamental cognitiva) e tratamento multidisciplinar.Apontando a importância do aspecto psicológico. Um terceiro tratamento ( distenção da MAP) é menos eficaz mas inclui-se no “ aconselhamento da dor”.
Para terapia
 Mensendieck  veja 
https://oda.hio.no/jspui/bitstream/10642/1127/1/896167post.pdf

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